Importância da gestão de resíduos sólidos na construção e demolição civil

Entenda a importância da gestão de resíduos sólidos na construção e demolição e como práticas sustentáveis podem reduzir impactos ambientais e melhorar a eficiência do setor.

A construção civil e o desafio da gestão de resíduos sólidos

Estima-se que obras do setor da construção são responsáveis por 40% a 70% dos volumes dos resíduos sólidos urbanos. Esse alto volume de descarte pode impactar diretamente o meio ambiente, aumentando a poluição, o consumo de recursos naturais e a sobrecarga de aterros sanitários, quando não geridos de maneira responsável.

A baixa cobertura de serviços de coleta e a situação precária das áreas destinadas à disposição final, em alguns municípios, tornam urgente a implantação de políticas e iniciativas que reduzam a geração dos resíduos sólidos produzidos em processos construtivos.

O mau gerenciamento desses resíduos pode contribuir para o esgotamento das áreas de disposição final do lixo urbano, os custos adicionais de governos e o desperdício de recursos naturais não renováveis.

Nesse sentido, a gestão de resíduos sólidos na construção civil é uma solução essencial para minimizar esses impactos negativos, promovendo a reutilização de materiais, incentivando a reciclagem e garantindo um destino adequado aos resíduos. Um sistema de gestão de resíduos sólidos eficiente deve integrar diversos fatores, entre eles, a quantificação destes resíduos, sua forma de geração, acondicionamento, sistemas de coleta e de disposição, utilização e destinação final adequada.

Além dos benefícios ambientais, uma gestão eficiente reduz custos, melhora a produtividade no canteiro de obras e fortalece a imagem das empresas diante do mercado e da sociedade.

Por que a gestão de resíduos sólidos na construção civil é tão importante?

Os resíduos gerados em uma obra, quando não geridos de maneira correta, são um problema ambiental, econômico e logístico. A falta de um plano estruturado pode levar a gastos desnecessários, desperdício de matéria-prima e aumento do tempo de execução do projeto.

Os resíduos sólidos de construções, reformas e demolições são gerados nos canteiros de obras, acondicionados em caçambas, coletados por empresas transportadoras de entulho ou por indivíduos que utilizam carroças ou veículos de pequeno porte, que os destinam para áreas definidas pelo poder público. Entre as áreas de destinação dos resíduos de construção citam-se os aterros sanitários, áreas que precisam de aterramento e usinas de reciclagem.

Os custos envolvidos no transporte, as distâncias entre as áreas de recebimento e os centros urbanos, a falta de conscientização dos impactos causados no meio ambiente, a falta e a dificuldade de fiscalização podem potencializar a clandestinidade. Quando os resíduos são dispostos irregularmente o poder público se encarrega de coletá-los e enviá-los a áreas licenciadas. A disposição clandestina coloca em risco a saúde do cidadão, degrada a paisagem urbana, compromete a drenagem urbana e a estabilidade das encostas.

Entre os principais fatores que tornam a gestão de resíduos sólidos de construção e demolição essencial, destacam-se:

Redução do impacto ambiental: evita o descarte inadequado de resíduos da construção civil que pode levar ao esgotamento de áreas de disposição final, poluição de águas subterrâneas e degradação de ecossistemas urbanos, além de reduzir a emissão de gases poluentes.
Maior eficiência no uso de materiais: a reciclagem e reutilização de resíduos sólidos, como concreto e cerâmica, reduzem a necessidade de exploração de matérias-primas naturais.
Conformidade com legislações ambientais: a legislação brasileira, como a Resolução 307 do CONAMA e a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) estabelecem diretrizes para a gestão adequada dos resíduos da construção civil, exigindo das empresas ações de controle e mitigação adequada dos resíduos.
Otimização do espaço no canteiro de obras: a separação correta dos materiais melhora a organização e segurança da obra.
Geração de novas oportunidades de negócios: empresas que adotam práticas sustentáveis têm maior competitividade e podem obter certificações ambientais.
Redução de recursos públicos: a destinação inadequada dos resíduos acarreta altos custos para os governos municipais, que precisam lidar com remoção, transporte e disposição correta do material.

A implementação dessas ações torna o setor mais sustentável e economicamente viável, alinhando-se aos princípios da economia circular.

Impactos do descarte inadequado

O descarte inadequado dos resíduos da construção e demolição pode gerar diversos impactos negativos, como:

Ocupação de aterros sanitários: materiais volumosos reduzem a vida útil desses espaços.
Proliferação de doenças: o descarte irregular de resíduos pode resultar na proliferação de vetores de doenças, como insetos e roedores, afetando diretamente a qualidade de vida da população.
Danos à biodiversidade: a disposição irregular de resíduos pode levar à infiltração de substâncias tóxicas no solo e nos aquíferos, comprometendo a qualidade da água e afetando a fauna e a flora locais.
Impactos na drenagem urbana: o acúmulo de resíduos em áreas inadequadas, como fundos de vale e córregos, pode obstruir sistemas de drenagem, causando alagamentos e agravando problemas de infraestrutura.
Aumento do consumo de recursos naturais: a extração de matéria-prima sem um sistema de reaproveitamento contribui para a degradação ambiental.

Com um plano eficiente de gestão de resíduos sólidos, é possível mitigar esses problemas e tornar o setor da construção civil mais responsável ambientalmente.

O futuro da construção civil sustentável

A adoção de um modelo sustentável para a construção civil passa pela inovação e pela implementação de tecnologias que minimizem os impactos ambientais. Tendências como a construção modular, materiais com melhor desempenho ambiental e o uso de BIM (Building Information Modeling) estão transformando a forma como os resíduos são gerenciados, reduzindo desperdícios e otimizando recursos.

Além disso, a gestão de resíduos sólidos realizada de forma eficiente pode ser um diferencial competitivo para construtoras e incorporadoras, que passam a se destacar no mercado pela adoção de práticas sustentáveis e responsabilidade socioambiental.

Conclusão

A gestão de resíduos sólidos na construção e civil é fundamental para tornar o setor mais sustentável e eficiente. Além de reduzir impactos ambientais, uma abordagem estruturada gera economia, melhora a organização dos canteiros de obras e promove a inovação.

Empresas e profissionais que adotam práticas sustentáveis contribuem para um futuro melhor e se posicionam de forma estratégica em um mercado cada vez mais exigente.

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Referências

HENDRIKS, CH. F. The building cycle. The Netherlands: Aeneas Technical Publishers, 2000.

PINTO, T. P. Metodologia para a gestão diferenciada de resíduos sólidos da construção urbana. 1999. 189f. Tese (Doutorado em Engenharia). Departamento de Engenharia de Construção Civil Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo.

BLUMENSCHEIN, Raquel Naves. Gestão de resíduos sólidos na construção civil: diretrizes para um modelo integrado. 2011. 287 f. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Brasília, Brasília, 2011.

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