Grandes mulheres na construção civil: seus desafios e impactos

Conheça os desafios e conquistas das mulheres na construção civil e o impacto de arquitetas e engenheiras no Brasil e no mundo.

A presença das mulheres na construção civil

A participação das mulheres na construção civil tem crescido significativamente nas últimas décadas, refletindo os avanços na busca por igualdade de gênero. O crescimento de cargos, com carteira assinada, ocupados por mulheres reforça essa tendência. Apesar desses avanços, a presença feminina ainda é limitada em funções operacionais. Muitas mulheres atuam em áreas administrativas, enquanto um número reduzido trabalha diretamente na construção, conservação e manutenção de edifícios. Isso demonstra que, embora tenham conquistado espaço, ainda há desafios a serem superados para garantir uma maior representatividade de atuação em todo o ciclo de vida do setor da construção civil.

Arquitetas Invisíveis: resgatando a história e promovendo mudanças

Mesmo com a crescente participação das mulheres na construção civil, muitas profissionais que tiveram um impacto significativo na arquitetura e engenharia ainda são pouco reconhecidas. O projeto Arquitetas Invisíveis, uma iniciativa nascida na Faculdade de Arquitetura Urbanismo da Universidade de Brasília, (FAU/UnB), busca dar visibilidade ao trabalho de mulheres que marcaram a história da arquitetura, mas que, por diversas razões, não receberam o devido crédito.

O projeto visa apresentar, divulgar e homenagear o trabalho de 48 mulheres, profissionais invisibilizadas, além de levantar um importante debate: por que tantas arquitetas ainda são invisíveis? E, mais importante, como podemos mudar esse cenário? O projeto contribui para ampliar o reconhecimento das mulheres na arquitetura e incentivar futuras gerações a ocuparem esses espaços.

Saiba mais sobre o projeto em: https://www.archdaily.com.br/br/763817/arquitetas-invisiveis-apresentam-48-mulheres-na-arquitetura

Desafios e barreiras enfrentadas pelas mulheres

Mesmo com os avanços, as mulheres na construção civil ainda enfrentam desafios estruturais que impactam tanto a permanência quanto o crescimento profissional no setor. Entre as principais dificuldades, destacam-se:

Discriminação de gênero: Muitas mulheres ainda enfrentam preconceitos que questionam sua capacidade de atuar em funções tradicionalmente masculinas.
Assédio no local de trabalho: Casos de assédio moral e sexual são um problema recorrente e afetam diretamente a produtividade e o bem-estar das profissionais.
Dificuldade de conciliar trabalho e maternidade: A falta de políticas de suporte à maternidade no setor dificulta o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal das trabalhadoras.

De acordo com o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA), no Distrito Federal, por exemplo, de 21.779 profissionais ativos no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA), apenas 4.373 são mulheres (dados de 2024).

Diante dessas barreiras, diversas iniciativas vêm sendo desenvolvidas para ampliar a presença feminina na construção civil, promovendo um ambiente mais inclusivo e equitativo. Algumas empresas têm adotado políticas de inclusão de mulheres em cargos operacionais e de liderança, além de incentivar treinamentos e mentorias voltadas para capacitação e crescimento profissional, a exemplo da iniciativa “Elas Constroem”, promovida pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Da resiliência à inovação: mulheres na construção civil que fizeram história

Apesar dos desafios, muitas mulheres na construção civil foram além das barreiras impostas pelo setor e tiveram um impacto significativo na arquitetura e engenharia. Com resiliência, inovação e talento, elas revolucionaram o ambiente construído e abriram portas para futuras gerações. As transformações educacionais e profissionais, aliadas aos avanços tecnológicos, desempenharam um papel essencial na inclusão das mulheres na construção civil. A automação e a digitalização de diversos processos reduziram a exigência de força física, possibilitando a participação feminina em atividades antes predominantemente masculinas. O uso de metodologias inovadoras, como o BIM (Building Information Modeling), e tecnologias como drones para inspeções e mapeamento de terrenos ampliaram as oportunidades para mulheres com expertise em tecnologia e inovação, fortalecendo sua presença no setor.

A seguir, destacamos algumas das principais arquitetas e engenheiras que marcaram a história e continuam influenciando o futuro da construção civil no Brasil e no mundo.

Grandes mulheres na construção civil e seu impacto no setor

Arquitetas e engenheiras que mudaram o mundo

Zaha Hadid (1950-2016): Primeira mulher a ganhar o Prêmio Pritzker de Arquitetura, Zaha Hadid revolucionou a arquitetura com projetos que desafiam a lógica estrutural tradicional. Suas obras, como o Heydar Aliyev Center e o Centro Aquático de Londres, redefiniram a maneira como os edifícios podem ser projetados e construídos, trazendo conceitos de fluidez e futurismo para o setor.
Emily Warren Roebling (1843-1903): Foi a engenheira que supervisionou a construção da Ponte do Brooklyn, um dos maiores ícones da engenharia civil. Apesar de não ter recebido o devido crédito na época, seu conhecimento técnico foi essencial para a conclusão da obra e abriu caminho para que outras mulheres pudessem atuar em grandes projetos de infraestrutura.
Jeanne Gang (1964-): Referência mundial em arquitetura sustentável, Jeanne Gang projetou a Aqua Tower, em Chicago, um dos primeiros edifícios de grande porte a integrar estratégias de eficiência energética no design. Seu impacto foi essencial para a popularização de prédios mais sustentáveis e eficientes em termos de consumo de energia.
Norma Merrick Sklarek (1926-2012): Primeira mulher negra a se tornar arquiteta licenciada nos Estados Unidos, Sklarek projetou edifícios icônicos como o Terminal 1 do Aeroporto Internacional de Los Angeles. Seu impacto vai além da arquitetura, pois abriu portas para mulheres negras na construção civil, um setor ainda com forte desigualdade racial e de gênero.

Arquitetas e engenheiras que marcaram a história no Brasil

Lina Bo Bardi (1914-1992): Criadora de projetos icônicos como o MASP e o SESC Pompeia, Lina Bo Bardi influenciou profundamente a arquitetura modernista brasileira. Seu impacto se estende para além do design, pois seu trabalho focou na acessibilidade dos espaços urbanos e na valorização da cultura popular brasileira.
Carmen Portinho (1903-2001): Uma das primeiras engenheiras urbanistas do Brasil, foi fundamental para o desenvolvimento de políticas habitacionais no país. Seu impacto está presente na concepção de habitação social de qualidade, um tema ainda essencial para o planejamento urbano sustentável.
Rosa Kliass (1932-): Principal referência em arquitetura paisagística no Brasil, Rosa Kliass foi responsável pela revitalização do Vale do Anhangabaú, em São Paulo, e pelo Parque da Juventude. Seu impacto transformou a forma como os espaços públicos são projetados e usados pela população.
Elizabeth de Portzamparc (1945-): Com atuação tanto no Brasil quanto no exterior, Elizabeth de Portzamparc projetou edifícios que integram sustentabilidade e tecnologia. Um de seus projetos mais notáveis, o Musée de la Romanité, na França, exemplifica como a fusão entre tradição e inovação pode criar espaços arquitetônicos eficientes e culturalmente relevantes.

Conclusão

A presença das mulheres na construção civil deixou um legado inquestionável e continua crescendo. A trajetória de arquitetas e engenheiras que romperam barreiras e influenciaram a forma como projetamos e construímos o mundo serve de inspiração para futuras gerações.

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